quinta-feira, 22 de abril de 2010

Entrevista com Fellipe Redó!




Reproduzimos abaixo entrevista feita pelo Blog Fatos Sociais com o Diretor de Cultura da UNE, Fellipe Redó.


Na entrevista Redó conta um pouco de sua história, apresenta o debate da cultura hoje no Brasil e dá detalhes sobre a próxima Bienal de Cultura da UNE que será realizada de 15 a 23 de janeiro de 2011 na cidade do Rio de Janeiro.


Boa leitura!



1- Antes de mais nada, quem é Fellipe Redó?


Suspeito falar de mim mesmo, mas "sou um rapaz latino americano sem dinheiro no bolso". Também sou entusiasta das diversas expressões artísticas, manifestações culturais e militante político, claro. No momento estou Diretor de Cultura da UNE e Coordenador do Circuito Universitário de Cultura e Arte - CUCA da UNE.


2- Fellipe, como você entrou para o movimento estudantil?


Já me considerava de "esquerda" na escola, mesmo sem me organizar em nenhuma corrente política. Aí conheci um amigo skatista que tinha outros amigos que também se diziam socialistas. Foi quando conheci a União da Juventude Socialista. A partir daí, o ano era 1998, comecei a me organizar coletivamente, o que é fundamental.

Lembro do primeiro cartaz que vi da UJS: era de divulgação de um Luau que fazíamos na Praia de Ipanema em frente a Rua Maria Quitéria, com os dizeres; - Verás que um filho teu não foge a luta!, letra do nosso Hino Brasileiro.


3- Como você observa as políticas públicas de cultura hoje no Brasil ?


São inovadoras e marca atuante desses últimos 8 anos de governo Lula, tendo tido a frente do Ministério o músico Gilberto Gil e em continuidade por Juca Ferreira. Mas a principal experiência que poderia citar são os Pontos de Cultura que geram protagonismo e empoderamento social a uma rede de cultura.

O principal diferencial dessa forma de política publica é a descentralização do recurso investido para potencializar ações que são melhor desenvolvidas na sociedade, ao invés de atuar na sua carência. Então, uma agremiação escola de samba tem condições de oferecer, por exemplo, oficinas de percussão, enredo e indumentária, ao invés de cursinho de inglês gratuito. A idéia é atuar a partir de sua potencialidade e daí valorizar (reconhecer) sua melhor manifestação. Fora isso tem uma marca forte de organização desses grupos em redes sociais e colaborativa entre si.


4- Como será a próxima Bienal de Cultura da UNE ?


Em primeira mão, hein! Inovadora, ao meu ver. As Bienais tem mudado pouco nas ultimas edições. Buscamos dar maior amplitude para o evento tratando a Juventude em suas diversas formas de se expressar. Teremos então, durante os 8 dias de Bienal, o Conselho Nacional de Entidades de Base da UNE, Mostras e Apresentações Artísticas, uma Arena de Esportes multiuso, uma Feira de Juventude, a Bienalzinha para as crianças e muitas outras novidades! A Bienal se reconhecerá como um grande festival de Juventude e de discussão de políticas públicas para a área.


5- De que modo você enxerga o papel da internet na popularização da cultura?


Fundamental, pois você deixa de ser um mero receptor passivo de informação para ser um emissor em potencial. Então você começa a não só baixar conteúdo na net mas também a "levantar" sua própria musica, textos, fotos, matérias, onde possibilita criar novos diálogos em rede sem a necessidade de um único mediador no processo.


6- Qual mensagem você deixaria para os estudantes-artistas?


Augusto Boal, que foi criador do teatro do oprimido e também deputado estadual pelo Rio de Janeiro sempre me ajuda nesses momentos. É dele a frase que cito então e já me despeço. "Admiro muito aqueles que dedicam suas vidas à arte, mas admiro mais os que dedicam sua arte à vida".

Redó, muito obrigado pela entrevista. Boa sorte na Bienal de Cultura da UNE!