7ª Bienal



As Bienais de Arte, Ciência e Cultura da União Nacional dos Estudantes se afirmam hoje como o maior festival de cultura produzido por e para jovens. Isto faz com que seja uma das principais vitrines da produção cultural brasileira, dando ênfase à diversidade artística atual e à reflexão sobre o papel dos estudantes na sociedade.


Abrangendo todos os segmentos artísticos - Música, Artes Cênicas, Artes Visuais, Literatura e Audiovisual, além da Ciência e Tecnologia – a Bienal da UNE consolida-se como privilegiado espaço de celebração, reflexão e fruição da cultura. A programação, estruturada em mostras artísticas, oficinas e debates, coloca em diálogo diversos agentes da sociedade, buscando construir um espaço de permanente intercâmbio entre saberes e fazeres culturais e quebrando dicotomias entre o dito “erudito” e o “popular”.

O ainda breve século XXI mal começou e já produzimos e circulamos mais informação do que qualquer outro período vivido por nossa civilização. Isso graças, em grande medida, ao desenvolvimento de novos elementos tecnológicos, que, com a rede mundial de internet, têm recriado as possibilidades de socialização e interação no mundo digital.

Questões novas requerem abordagens igualmente criativas, no entendimento da cultura em seus aspectos de ordem ética, estética e econômica: Ética, pois o ser social atua de forma dialética com a realidade na qual ele também está inserido; Estética, ao se investigar as possibilidades criativas onde a produção de bens simbólicos e imateriais conferem sentido ao mundo; e Econômico ao se entender cultura enquanto relações sociais entre indivíduos e sociedades, constituída em seus níveis de relação de produção e de trabalho.

Ivana Bentes, diretora da Escola de Comunicação da UFRJ, problematiza “as bases tecnológicas dessas mudanças” ao afirmar que “nunca na história tivemos tantas possibilidades de descentralização dos meios de produção de cultura: equipamentos digitais, câmeras de vídeo, câmeras fotográficas, equipamentos para músicos, Djs, produtores de audiovisual, computadores pessoais, softwares livres...”[1]. Estas novas formas de produção levam artistas, estudantes e agentes culturais em geral a se apropriar das novas redes de circulação, não sendo meros consumidores de tecnologia.

No contexto atual, tradição e modernidade se encontram em permanente diálogo e ruptura, e o imaginario popular é ressignificado frente as novas possibilidades da plataforma digital. Dessa forma, a 7ª edição da Bienal da UNE volta às terras nordestinas sob o tema proposto "Cordel Digital: imaginário popular em rede”, abordando as novas formas de produção, circulação e assimilação pela cultura.

A literatura de cordel, versão impressa da tradição oral rimada em poesia, é um espaço de comunicação popular e reflete as relações sociais da cultura nordestina.

Em seu trabalho Banda Larga Cordel, o músico Gilberto Gil sinaliza as possibilidades de apropriação das novas tecnologias na reconfiguração de significados: “quem não vem no cordel da banda larga vai viver sem saber que o mundo é seu”.[2] E conclui que "hoje não é mais o pequeno recanto que reivindica sua sucessão ao universal, é o universal que chama o local para que ele venha...” [3] A rede mundial de computadores, a internet, viabiliza novos espaços de circulação da informação remetendo, em novo paradigma, às tradicionais feiras livres onde os livretos eram estendidos em cordéis.

O Estado do Ceará é conhecido como “terra da luz” não somente pelos seus dias ensolarados, mas por ter sido o primeiro estado brasileiro a abolir a escravatura, em iluminada demonstração de ousadia para a época. A partir de suas duas grandes conformações geográficas e culturais – o litoral e o sertão- o "tradicional" é interpretado como algo vivo e contemporâneo, auxiliado pela tecnologia criativa e transformadora do homem pensante para realização de suas necessidades materiais e espirituais.

A ser realizada durante o verão de 2011 na cidade de Fortaleza, a 7ª Bienal da UNE vem cumprir importante ciclo para reflexão sobre os 10 anos de experimentação do Circuito Universitário de Cultura e Arte – CUCA da UNE, para permanente diálogo e manifestação cultural.

Referência bibliográfica:

[1] BENTES, Ivana. Revista GLOBAL Brasil nº 8.

[2] CD Banda Larga Cordel, Gilberto Gil . 2008.

[3] Cultura digital.br/ organização Rodrigo Savazoni, Sergio Cohn. - Rio de Janeiro: Beco do Azougue, - 2009.
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